Uma moto barulhenta, roupa de couro, bota, barba, óculos e um rock and roll rolando no talo!
Isso é o que chamamos de estereótipo de um típico motociclista Custom. É difícil imaginar alguém ouvindo salsa e pilotando uma Harley de 1.800 cc, vestido com calça jeans e um jaquetão de couro, certo? Mas afinal, de onde vem essa coisa?
A indústria de motocicletas teve seu primeiro grande desenvolvimento entre os anos 40 e 50, inclusive sendo impulsionada pela 2ª Guerra Mundial. Dentre os principais fabricantes estão Harley-Davidson (Estados Unidos) e a Norton (Inglaterra).
Os anos 40, 50 e 60 foram fortemente influenciados pelo som do Blues e do Rock, sendo que um dos grandes difusores desta cultura é Elvis Presley. O estilo Rockabilly foi difundido pelo mundo e passou a ser referência de moda que ainda faz a cabeça das pessoas e influencia estilistas coleções de moda.
Como o Brasil sempre foi mais influenciado pela indústria e cultura americana, principalmente em função das produções de Hollywood, a ideia de ter uma motocicleta, jaqueta de couro e ouvir um rock começa a ser forjada antes mesmo dos primeiros modelos aparecerem por estas bandas.
No início dos anos 50 temos o filme "Wild One", estrelado por Marlon Brando, que retrata corridas, rachas e brigas entre gangues de motociclistas. O filme influenciou muito o público da época tanto em função da moda quanto em função da atitude. Violência, velocidade, bebida, cigarro e mulheres.
Já no final dos anos 60 outro filme ganhou notoriedade e transformou o motociclismo em praticamente uma bandeira da liberdade. Easy Rider (1969), estrelado por Peter Fonda, Dennis Hopper e Jack Nicholson, é um ícone do cinema americano sobre motocicletas e traz o estereótipo do motociclista que atravessa os Estados Unidos com sua Chopper. Em uma mistura de cowboy e motociclista, as vestimentas eram basicamente jaqueta de couro, bota e capacete aberto (open face).
Na trilha sonora, uma das mais famosas músicas de todos os tempos, e que foi eternizada por este filme. "Born to be Wild" da banda Steppenwolf, entoa como um hino os dizeres, traduzindo para o português, algo como "nascido para ser selvagem". Esta canção também serviu de inspiração e trilha sonora para vários filmes e animações.
Avançando para os anos 70 e 80 temos o surgimento do que chamamos hoje de "rock clássico" e que carregou muito do estilo dos cowboys e jovens aventureiros da época. Por ser um estilo que basicamente nasceu e se desenvolveu nos Estados Unidos, o rock and roll sempre esteve diretamente ligado ao motociclismo e foi bastante reforçado pelos Moto Clubes e filmes de Hollywood.
Assim, quando você vê alguém andando com uma moto barulhenta, roupa de couro, bota, barba, óculos e um rock and roll rolando no talo, você está vendo a história do motociclismo e do rock in roll acontecendo simultaneamente e sendo eternizada por entusiastas em todo o mundo.
Mas é preciso ouvir rock and roll para ser um motociclista e andar em uma custom?
Claro que não! Assim como também não é preciso usar jaqueta de couro e barba comprida. Porém, isso já faz parte do imaginário e estereótipo de um motociclista e o fato é que ficaria bastante estranho se alguém parasse ao meu lado com uma Ultra Guide ou uma Bobber ouvindo Só pra Contrariar ou Zezé di Camargo e Luciano.
Estranho por estranho, prefira ser você e seja feliz!